por Elias José Tive uma infância privilegiada com relação à afetividade e ao estímulo do desenvolvimento do imaginário. Sou o segundo filho de uma família de dez: oito de minha mãe e, mais tarde, dois de minha madrasta. Vivíamos num lugarejo ao sul de Minas, Santa Cruz da Prata, distrito do município de Guaranésia. Lugar mágico para brincadeiras, convívio livre com os amigos nas ruas e quintais. Ligação afetiva com todo tipo de animais, que tinham nomes e manias. Muitas amizades com gente mais velha, pais ou avós dos meus amigos, os colonos de meu pai com suas histórias tenebrosas. Toda a molecada amiga era como se fosse da mesma família. A casa, o quintal imenso, a fazenda do meu pai com pomar, pasto e curral, a escola rural, a rua, o riozinho e a casa dos amigos e, sobretudo, a da avó paterna. Tudo transpirava poesias, músicas, histórias encantadas, brincadeiras, teatrinhos, jogos, cirquinhos, festas, cores, sons, gostos e cheiros. Os livros que minha mãe lia e nos contava. Os outr