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Agressões Emocionais na Família


Não estimule sentimentos de preocupação, remorso e/ou culpa em nenhum de seus entes queridos.

Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção e de importância da pessoa que agride. A intenção do agressor histérico é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.


No histérico, o traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa teatralidade. O histrionismo é um comportamento caracterizado por colorido dramático e com notável tendência em buscar contínua atenção.


Normalmente a pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, exuberante e por uma representação que varia de acordo com as expectativas da platéia. Mas a natureza do histérico não é só movimento e ação; quando ele percebe que ficar calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de “não querer incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação, acaba conseguindo seu objetivo comportando-se dessa forma.


Os pacientes histriônicos exageram seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem não serem o centro das atenções ou quando não recebem elogios e aprovações. Há grande possibilidade das “doenças” do histérico piorarem quando sente que alguém da família não está reservando parte de sua vida para preocupar-se com ele, quando alguém está se preparando para passear, sair, divertir-se.


Representar papéis é a especialidade mais meritosa da pessoa histérica, assim sendo, com muita propriedade, ela representa a mãe zelosa e preocupada, podendo estar sofrendo do coração, piorando quando fica “nervosa”, “passando mal” quando contrariada ou preocupada, e assim por diante.


Essa tentativa (e sucesso) da pessoa histérica em conseguir quase tudo através da mobilização emocional dos demais membros da família causa, cronicamente, um expressivo Sofrimento Emocional. O sentimento de culpa aparece quando alguém percebe que o histérico da família “adoeceu” por sua causa.


Se forem os pais os histéricos, normalmente tendem a chamar atenção quando o(s) filho(s) saem, arranjam namorados (a), deixam de cumprir seus compromissos, se comportam de maneira não esperada, etc. A postura histérica, com suas características de somatizações, surge ainda quando não há reconhecimento festivo de seus esforços para manter a família, da maneira heróica com que lidam com a vida.


Os sintomas histéricos acabam resultando em sentimentos de culpa ou remorso quando, sabidamente, aparecem se a pessoa ficar contrariada. Os familiares acabam sabendo que aquele mal estar e sofrimento da pessoa doente poderiam ser evitados se a pessoa não se aborrecesse, se todos não a deixassem nervosa.


Sendo histéricos os filhos, a teatralidade aparece como justificativa, mais que plausível, pelos fracassos e falhas do cotidiano, pela impotência na solução dos problemas e eventuais insucessos. Para melhor clareza das atitudes histéricas e sua relação com a busca de solidariedade e apoio por parte dos outros membros da família, veja o seguinte exemplo:


A paciente X queixa-se, logo que entra no consultório:


- Doutor, essa noite não dormi e não deixei ninguém dormir.

- Porque? Perguntei, já imaginando a resposta.

- Sentia dores pelo corpo e um mal estar esquisito...

Tentando um misto de ironia e correção, arrisquei...

- Então, depois de ter acordado a todos, suas dores melhoraram.

- Não. Continuei sentindo mal até de manhã, como vem acontecendo há muito tempo.

- Mas então, porque acordou a todos se as dores e o mal estar, como de costume, não melhoram quando você acorda todo mundo?

Sem pensar ou, pior, com a crítica ofuscada pelo egoísmo típico dos histéricos, respondeu:

- Mas o senhor queria, então, que eu sofresse sozinha?

Na prática clínica vemos, ainda, casos curiosos onde a esposa adoece cada vez que o marido agenda uma pescaria, ou na hora do jogo de futebol com os amigos... Também o homem passa mal quando tem contas a pagar, é demitido, não consegue resolver problemas do cotidiano, etc Esse tipo chantagista e histérico de produzir Agressão Emocional pode ocorrer de vários modos. Tem aqueles casos de manipulação clássica e franca, onde o agressor é capaz de falar claramente coisas do tipo “você vai acabar me matando...”, “não dormi a noite toda esperando você chegar...”, etc.

Existem, por outro lado, os agressores que não falam mas sugerem continuadamente e com muita eficiência tudo aquilo que querem transmitir. Comportam-se “doentemente”, colocam a mão no peito para sugerir dor no coração mas, perguntados se sente alguma coisa, apressam-se a dizer que não. Na realidade estão torturando os outros duas vezes; primeiro por deixar todo mundo apreensivo sobre essa misteriosa dor no peito, e em segundo, por transmitir a impressão de que não se queixam, logo, nunca saberão se está com dor ou não.

Existem ainda aqueles que se comportam placidamente, resignadamente, “quietinhos em seu canto”, deixando claro seu mal estar e profundo aborrecimento com alguma coisa que está ocorrendo no lar. Esses são piores porque querem que todos saibam o que estão querendo sem que tenham de dizer.


FONTE: psiqweb

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